Demanda Turística em Buenos Aires
FERREIRA, Raynara. Fortaleza, 2022.
O Carnaval argentino atravessou diversos obstáculos no decorrer de sua história, incluindo censuras e proibições. Os festejos, até o início do século XX, se assemelhavam muito as festas europeias, com carros alegóricos e fantasias que lembram as de Arlequim, Colombina e Pierrot, personagens de uma comédia italiana.
Um dos primeiros obstáculos enfrentados pelo Carnaval foi a morte de Evita Perón, primeira dama da época, conhecida por ajudar pobres e trabalhadores. O clima fúnebre perpetuou durante meses e suspendeu o Carnaval de 1953 e dos dois anos seguintes. O luto só foi extinto após a tomada do cargo de Juan Perón, como forma do novo governo de extinguir as memórias da população em relação ao casal Perón.
Nos anos finais da década de 1960 as fantasias foram proibidas, pois o governo militar da época acreditava que guerrilheiros urbanos pudessem se camuflar com as máscaras carnavalescas, mas o golpe final se deu no início de 1976, quando os ataques clandestinos de extrema direita se intensificaram e o carnaval e outras reuniões públicas foram extintas na última ditadura (1976-1983). Com a volta da democracia, o Carnaval foi ressuscitado, mas de forma tímida, tomando força após turistas argentinos visitarem o Brasil e vivenciarem o Carnaval local e com o surgimento das Murgas na década de 80.
No início, os festejos só podiam ser realizados aos fins de semana, pois o Carnaval não era considerado feriado no país, até o ano de 2010, com a decreto da presidente Cristina Kirchner. O Carnaval é diferente em muitas localidades e isso não seria diferente no país argentino, mesmo com toda influência africana e europeia, o carnaval de Gualeguaychu se diferencia por se inspirar no festejo brasileiro, principalmente nas vestimentas, atualmente é a cidade possui o Carnaval mais famoso da Argentina, tomando visibilidade nacional a partir da década de 90.
Hoje este evento possui comoção popular e movimenta a economia local, é apontado que cerca de 300 mil pessoas frequentem o local durante o período de janeiro a março, quando ocorre o Carnaval. A logística para o evento começa meses antes, aumentando até o número de academias em Buenos Aires e Gualeguaychu, onde não se encontram este tipo de estabelecimento com frequência.
Os turistas costumam viajar para Buenos Aires, onde há uma maior estrutura para recebê-los, invés de se estabelecerem em Gualeguaychu, que por ser uma cidade menor, não dispõe de tudo que a capital pode ofertar. Assim, os foliões pernoitam durante a semana na cidade e partem para Gualeguaychu durante o fim de semana, durante esses meses, há toda um esquema para favorecer as duas cidades, os ônibus saem de Buenos Aires a cada meia hora, o trajeto dura em torno de três horas, mas é possível fazer o trajeto de carro particular, além disso existem diversos tipos de hospedagens para todos os gostos, desde os badalados hotéis da capital até chalés e termas entre essas cidades, garantindo que o turista aproveite o máximo possível dos dois locais.
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